terça-feira, 8 de julho de 2008

O objetivo não é chegar a um final. O objetivo é escrever uma história!

Se nós estivéssemos conversando eu começaria com...Bom, seguido de três pontinhos...

Em primeiro lugar uma sugestão de leitura sobre o amor; o último capítulo do "pequeno tratado das grandes virtudes" de André Comte-Sponville.

Vou parafrasear somente a orelha...a orelha é sempre um bom aperitivo e sempre traz alguns arrepios...

"Das virtudes quase não se fala mais. Isso não significa que não precisamos mais delas, nem nos autoriza a renunciar a elas. É melhor ensinar as virtudes, dizia Spinoza, do que condenar aos vícios. É melhor a alegria que a tristeza, melhor a admiração do que o desprezo, melhor o exemplo do que a vergonha. Não se trata de dar lições de moral, mas de ajudar cada um a se tornar seu próprio mestre, como convém, e seu único juiz. Com que objetivos? Para ser mais humano, mais forte, mais doce. Virtude é poder, é excelência, é exigência. As virtudes são nossos valores morais, mais encarnados, tanto quanto pudermos, mas vividos, mas em ato. Sempre singulares, como cada um de nós, sempre plurais, como as fraquezas que elas combatem ou corrigem. Não há bem em si: o bem não existe, está por ser feito, é o que chamamos virtudes. Foram elas que tomei aqui por objeto: da polidez ao amor, dezoito capítulos sobre essas virtudes que nos faltam (mas não de todo, senão como poderíamos pensá-las?) e que nos iluminam." A.C.-S.

O amor é a última virtude tratada pelo autor, talvez por ser a virtude mais difícil de ser conseguida; Ele trabalha os três tipos de amor (Eros - Philia - Agapé).

O assunto abordado pelo Gui traz em si mesmo um grave problema...não chegaremos a uma conclusão lógica. Posso sugerir um bom filme sobre o complexo sentido - ou falta dele - de estar vivo e de como enxergar este fato: "O enigma de Kaspar Hauser" do diretor Werner Herzog.
Ressalto um momento genial: o embate com o professor de lógica!
Kaspar Hauser é confrontado com um problema lógico encontra uma resposta “brilhante”. Quando lhe dizem: existem duas aldeias. Numa delas todos mentem sempre (aldeia dos Taradin), e noutra dizem sempre a verdade. Estás entre as duas aldeias, e pelo caminho surge um dos seus habitantes. Queres saber de onde vem: da aldeia dos mentirosos ou dos honestos? Só podes fazer uma única pergunta para saber de onde vem. E só há uma possível. Qual é?


O professor apresentou a sua solução: se for colocada a pergunta "Vens da aldeia dos honestos?", então se fosse honesto responderia afirmativamente e se fosse mentiroso responderia o mesmo. Não serve. A pergunta para saber de onde vem é: "se vens da outra aldeia, responderias "não" se perguntasse se vens da aldeia dos mentirosos?" Por meio de dupla-negação o mentiroso seria obrigado a transmitir a verdade. Os honestos responderiam afirmativamente, e os mentirosos negariam.

Mas Kaspar Hauser dizia ter outra solução. "Mas isso é impossível, mas diz lá" - disse o professor. "Perguntava-lhe se é um sapo-árvore. Um habitante da aldeia dos honestos diria "não, não sou um sapo-árvore", porque diz a verdade; um habitante da aldeia dos mentirosos diria «sim, sou um sapo-árvore», porque mente. Assim sei de onde vem."


Acredito que a percepção depende não do objeto observado mas do ser que observa. Por isso qual o sentido da vida não pode ter uma resposta universalmente válida. Mesmo entendendo que existem objetivos comuns, enquanto seres humanos, temos objetivos muito individuais enquanto pequenos universos.



Resumindo a minha percepção..."Ama e faz o que quiseres"¹

1. "Como dizia excelentemente Santo Agostinho, numa fórmula que, obviamente, nada tem a ver com o laxismo, mas que é, ao contrário, a mais exigente, ao mesmo tempo que a mais libertadora."

Abraço a todos...

P.S.: Humor é sempre fundamental por isso aí vai: Pierre Dac confrontando a condição humana: "À eterna tríplice questão que sempre ficou sem resposta: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?, respondo: No que me diz respeito, eu sou eu, venho da minha casa e volto para ela

Um comentário:

Guilherme disse...

Boi, obrigado pela postagem!
Eu estava viciado em meu pensamento sobre o assunto! Li o seu e acabei percebendo inúmeros outros modos de pensar e agir para encontrarmos o sentido da vida!
E um destes sentidos encontro sempre que procuro e/ou estou com vcs!
Amo d+!
Abraços